sábado, 17 de junho de 2017

Magno Reis Andrade

Hoje em homenagem especial
A um ser humano de verdade
Nem parece virtual
O amigo Magno Reis Andrade.

Que mundo fabuloso é esse, o virtual. Vicia-nos levando ao mundo inexistente das máscaras que usamos, alternadamente, no encanto e desencanto de um céu digital.

Nessa singela e espontânea mensagem, diferente em essência e estilo de tudo o que já escrevi ou falei, homenageio um aniversariante especial. Um amigo virtual que faz parte do meu mundo real.

Sim, ele é diferente: Não olha em meus olhos e vê meu coração; não percebe minhas lágrimas e sabe confortar-me. Tem comentários oportunos em momentos tão difíceis. É ou não é um amigo diferente? 
Hoje é o teu dia, Magno. Além dos bons fluidos que inundo essa mensagem, desejo que a reflexão de todos os momentos de um ciclo que se finda, seja a grande motivação das novas atitudes, ao que se inicia.
O que mais posso desejar a uma pessoa que considero linda, justa e solidária? 
Que sejas amado e lembrado por muitos, que tenhas surpresas agradáveis de todos os que te rodeiam e reconhecem como refúgio em dias de tempestades, ombro e colo em dias de lágrimas, arco-íris em dias negros e calmaria em dias atormentados.
Parabéns pelo teu aniversário! Comemore a maravilha de seres um alguém tão especial, maravilhoso e sem igual. Toma alegria, brinca à vontade, o que vale é a felicidade! 

Que Deus ilumine a tua estrada. Que proporcione as melhores caminhadas e que realize todos os teus sonhos.


Para mim és um presente,
Saúde, paz e siga em frente.
Ano que vem, tomara
Que estejas aqui com a gente!

Meu abraço.
A flor é virtual, mas o carinho é real.





sexta-feira, 16 de junho de 2017

ÁGUA NO POTE: UM SANTO REMÉDIO

Há muito deixei de comprar jornal editado em papel. Na forma tradicional, os jornais matutinos e/ou vespertinos têm apenas uma publicação diária, pois não seria razoável publicá-los em nova edição gráfica a cada fato emergente, por mais extraordinário que seja. Em qualquer das formas, não haveria mesmo demanda tão cativa para os absorver com tanta frequência, dada a profusão de portais noticiosos internéticos. Uma consulta à internet resulta ter mais praticidade e menor custo.
Nesse passo, sempre que vou ao computador, observo o que se está a publicar nos grandes portais noticiosos. Verifico o que está a dizer o brasileiro G1, onde por vezes divirto-me com as chamadas gramaticalmente ambíguas e/ou pessimamente redigidas, tanto quanto acedo aos lusitanos Diário de Notícias e Jornal de Notícias. É-me sempre proveitoso ler as crônicas ou artigos publicados nestes dois últimos, sendo-me impossível não aprender algo novo ao final dessas leituras. Do ponto de vista linguístico, fico a observar coisas interessantes, como, por exemplo, o fato de um bom articulista português que vivera alguns anos no Rio de Janeiro saber manejar com grande proficiência e correção a variedade europeia do Português – o que lhe é natural – a par de ocasionalmente deixar-se trair pelo brasileiríssimo gerúndio, ou involuntariamente grafar “ônibus” em detrimento ao seu “autocarro”.
No dia 12 de dezembro de 2015, publicou-se no Diário de Notícias: “Casados há 90 anos dizem que o segredo é “nunca discutir”” [http://goo.gl/ejGV1x]. Isto não é maravilhoso? Trata-se de um homem e uma mulher, ambos indianos e pleonasticamente casados entre si, residentes no Reino Unido, que parecem ter descoberto a chave da felicidade. Asseguram nunca terem travado fortes argumentações conjugais. De mim para mim, fico a pensar qual seria o verdadeiro nível de comunicação entre os dois. Seriam mágicos, hábeis telepatas ou o segredo estaria no pote? Explico-lhes.
Uma ovelha consultou o seu pastor à alegação de sofrer constantes e intencionais insultos maritais. Na versão da queixosa, a convivência com o seu marido estava insustentável, pois a cada provocação sofrida correspondia uma reação uxória, realimentando todo o circuito vicioso. O ministro ouviu-a atentamente, analisou a situação exposta e deu-lhe uma garrafinha contendo um líquido incolor, insípido e inodoro. Antes de se opor a qualquer ofensa, deveria ela deitar o líquido numa caneca, e com ele encher a boca sem o ingerir. Deveria repetir o procedimento a cada vez que o marido a importunasse.
A mulher seguiu à risca o aconselhamento pastoral. Com o passar do tempo, percebeu que estando com a boca cheia d´água era-lhe impossível dar adequada resposta aos desaforos do marido, como, por igual, sem a reação que o reanimava, ele foi aos poucos deixando de a molestar. Entretanto, um probleminha surgiu-lhe: o líquido acabara. Sem saber onde o comprar, aquela senhora voltou ao gabinete pastoral e, entusiasmada, disse ao ministro:
– Pastor, aquele líquido é muito bom. Depois que passei a usá-lo nunca mais tive discussões com o meu marido. E, olhe, ele também melhorou muito, está praticamente curado. Poderia dar-me mais uma garrafinha desse santo remédio?
Em resposta, o pastor perguntou-lhe se em sua casa havia um pote com água.
– Sim, pastor, nós o temos.
– Então está resolvido. O líquido que lhe dei é água. Pode usar a que está em seu pote.
É isto. Ela seguiu a prescrição pastoral e nunca mais tiveram confrontações, até os nossos dias.
Ah, “mutatis mutandis”, a receita pode ser usada pelos homens.
Magno R Andrade
@magnoreisand – siga-me no Twitter
Magno Reis Andrade, protestante, brasileiro, nasceu em 17 de Junho de 1951, em Jequié, BA. Aos oito anos de idade, foi com os seus pais morar na capital baiana. Em 1969, foi admitido na Universidade Federal da Bahia, para, em 1973, bacharelar-se em Farmácia-Bioquímica. Com tal competência laborou até o ano de 1980, principalmente no Município de Bom Jesus da Lapa, BA. Lá, conheceu a sua futura esposa, a mesma que lhe daria as suas duas preciosas filhas. Em 1980, aceitou o desafio de trabalhar numa função pública municipal em Salvador, BA. Neste mesmo ano, ingressou no curso de Administração de Empresas, mantido pela Universidade Católica do Salvador, instituição que, em 1986, conferiu-lhe o respectivo grau de bacharel. Ainda em 1980, voltou à Universidade Federal da Bahia, para realizar o curso de Administração Pública, enfim, inconcluso por exiguidade de tempo. Mediante concurso público, em 1989 passou a exercer o cargo efetivo de Analista Judiciário no Tribunal Regional do Trabalho da Quinta Região, BA. Ao se reformar em Novembro de 2010, exercia há sete anos as funções de assessor jurídico no Serviço de Análise de Processos Judiciais, unidade organizacional de direto apoio à Presidência do Tribunal trabalhista. Em 1990, retornou à Universidade Católica do Salvador, desta feita para, em 1995, obter o grau de bacharel em Direito. Entre os anos de 1970 e 1973, integrou profissionalmente o Madrigal da Universidade Federal da Bahia. Gosta de idiomas, ama a língua portuguesa.

A flor também voou



Fui ao Cemitério Jardim da Saudade para despedir-me de um familiar a quem sou mui grato por ter-me ajudado numa importante fase da minha vida. Finda a solenidade fúnebre e consumado o próprio ato do sepultamento, quando, então, manifestaram-se os derradeiros cumprimentos de pesar ao cônjuge supérstite e aos filhos órfãos, deu-se a subsequente dispersão daqueles que compareceram em solidariedade à família enlutada.
Com toda a intrepidez, os raios solares incidiam sobre a nossa desprotegida pele. A temperatura ambiente estava alta, o calor, insuportável. Suávamos a cântaros. Ainda assim, aproveitei a oportunidade para ir ao túmulo no qual repousam os restos mortais da minha querida filha falecida prematuramente. Pretendia nele deixar algumas flores representativas da intensa saudade que me efervesce o âmago do ser. Na altura, enquanto deitava flores na lousa tumular, observei um numeroso bando de periquitos em destemidos sobrevoos acrobáticos, organizado em triangular formação, a se deslocar velozmente no ar ao provável comando dalgum periquito-mor, atrás do qual todos os demais se punham a voar ao sabor dos inesperados movimentos e das ordens superiores de última hora. Tais periquitos pareciam estar em exercício de adestramento aeronáutico, ou, quem sabe, talvez estivessem a ser avaliados com vistas a obter promoção na Força Aérea. Voavam a descrever grandiosas espirais ascendentes, seguidos de voltas completas no plano vertical, complementadas por repentinos mergulhos no ar, sempre a iludir-nos quanto ao exato instante em que pousariam nos topos das árvores. Chilreavam em metálica e desafinada polifonia, fingindo estar a formar um harmonioso conjunto coral. Em verdade, entretanto, agiam como se estivessem a discutir apaixonadamente o resultado do último dérbi em que o juiz deixou de validar um importante tento, tanto para frustração da equipa atacante, quanto para alívio da rival que esteve na iminência de ter violada a sua baliza.
Ao referir o belo espetáculo público a um dos prepostos do cemitério, dele ouvi que as tais manobras aéreas são comuns nesta quadra do ano. Segundo ele, as aves circulam incansavelmente de um lado a outro em busca do essencial alimento, e para elas o intangível horizonte era o limite. Expôs que nestas incursões de longo curso, quase transcontinentais, elas iam até às cercanias da distante Avenida Luís Viana, onde moro, faziam outras investidas e então retornavam ao ponto de origem no Jardim da Saudade.
O informador tinha razão. Ao alvorecer de cada dia, eu me ponho na varanda da minha casa, e lá fico a observar uns pontualíssimos periquitinhos em evoluções coreográficas altamente radicais, felizmente sem nenhuma notícia de acidentes aéreos, muito embora passem em altíssima velocidade por entre os diversos edifícios sem ao menos lhes tocarem.
Um dia desses, depois de muitas dessas manobras exibicionistas, o provável periquito-chefe empoleirou-se numa árvore, no que foi imediatamente imitado pelos seus obedientes subalternos. Uma breve pausa para meditação e refazimento de forças, e o chefão do bando achou por bem alçar voo sem nenhum aviso prévio. Sempre alerta, imediatamente os comandados fizeram o mesmo.
Nesta última revoada, certamente iriam retornar ao campo-santo. Se tivessem vindo à minha varanda, eu lhes teria rogado que me fizessem a caridade de levar-me uma flor ao Jardim da Saudade. Eu até lhes recompensaria pelo serviço.
Entanto, os finórios fizeram de conta que nem me viram. Indiferentes a voar céu afora, foram-se embora, sumiram. E eu, em pleno desalento, a remoer o pensamento, ortostaticamente estagnado na varanda do meu apartamento, tendo às mãos aquela flor a simbolizar o amor que pela minha filha fervilha, deitei-a abaixo, soltei-a ao vento. Nessa hora, enquanto o meu coração chora e lateja, a tênue flor fraqueja a despetalar-se em lento bamboleio, quase a cindir-se ao meio sem forças para subir. Assim mesmo, o quanto pode ainda plana, plana em voo a esmo até sumir.
Magno R Andrade
@magnoreisand – siga-me no Twitter 
Magno Reis Andrade, protestante, brasileiro, nasceu em 17 de Junho de 1951, em Jequié, BA. Aos oito anos de idade, foi com os seus pais morar na capital baiana. Em 1969, foi admitido na Universidade Federal da Bahia, para, em 1973, bacharelar-se em Farmácia-Bioquímica. Com tal competência laborou até o ano de 1980, principalmente no Município de Bom Jesus da Lapa, BA. Lá, conheceu a sua futura esposa, a mesma que lhe daria as suas duas preciosas filhas. Em 1980, aceitou o desafio de trabalhar numa função pública municipal em Salvador, BA. Neste mesmo ano, ingressou no curso de Administração de Empresas, mantido pela Universidade Católica do Salvador, instituição que, em 1986, conferiu-lhe o respectivo grau de bacharel. Ainda em 1980, voltou à Universidade Federal da Bahia, para realizar o curso de Administração Pública, enfim, inconcluso por exiguidade de tempo. Mediante concurso público, em 1989 passou a exercer o cargo efetivo de Analista Judiciário no Tribunal Regional do Trabalho da Quinta Região, BA. Ao se reformar em Novembro de 2010, exercia há sete anos as funções de assessor jurídico no Serviço de Análise de Processos Judiciais, unidade organizacional de direto apoio à Presidência do Tribunal trabalhista. Em 1990, retornou à Universidade Católica do Salvador, desta feita para, em 1995, obter o grau de bacharel em Direito. Entre os anos de 1970 e 1973, integrou profissionalmente o Madrigal da Universidade Federal da Bahia. Gosta de idiomas, ama a língua portuguesa.

Mãe Querida,

Há quase três anos, 30 de abril de 2017, vivenciamos juntas a triste partida do seu grande e inseparável companheiro, meu amado pai. Aos pr...