sexta-feira, 22 de julho de 2011

Concordância do verbo "ser"

O verbo "ser" tem uma característica muito especial: é o único na língua portuguesa que permite a concordância com o predicativo.
Essa característica nos faculta escolher entre "Tudo é flores" ou "Tudo são flores", só para ficar num exemplo clássico.
O fato é que, com o verbo "ser", não importa muito a função sintática. É tudo uma questão de preferência, que pode ser resumida assim:
1. Sujeito coisa e predicativo coisa - a preferência é pela coisa plural: "Nossa força são as florestas".
2. Sujeito pessoa e predicativo pessoa - como no caso anterior, preferência pela forma plural: "Aqueles personagens eram um só ator"; "Um só ator eram aqueles personagens".
3. Oração formada por pessoa e coisa - independentemente da função sintática desses termos (sujeito ou predicado), o verbo concorda preferencialmente com a pessoa: "As crianças são o melhor do mundo"; "O melhor do mundo são as crianças".
4. Oração formada por pessoa e pronome pessoal - qualquer que seja a função sintática deles, a preferência é pelo pronome: "O comandante, trabalhadores do Brasil, sois vós".
5. Coisa e pronome - independentemente da função sintática, preferência pelo pronome: "A cor dessa cidade sou eu".
6. Sujeito pronome pessoal e predicativo pronome pessoal - preferência pelo pronome sujeito: "Eu sou eles amanhã", "Eles são eu amanhã".

UM CASO ESPECIAL


Numa oração em que o sujeito está indeterminado (sem artigo, pronome ou adjetivo) e o predicativo é representado por adjetivos como "bom", "necessário" e "proibido", o verbo "ser" não varia: "Vitaminas é bom para todos", "Comida é necessário", "É proibido cães".
Se, porém, o sujeito estiver determinado, a concordância será normal: "A vida é boa"; "É necessária a sua ajuda"; "São proibidas pessoas estranhas".
Convém acrescentar que o adjetivo "preciso", quando abre a oração, fica no singular, estando ou não determinado o sujeito: "É preciso a participação popular"; "É preciso muitas qualidades para trabalhar naquela empresa".
 
DESAFIO

Qual frase está de acordo com a norma culta?

a) Eram perto das 12 horas.
b) Era perto das 12 horas.
c) “a” e “b” estão corretas.

RESPOSTA
Indicando horas e seguido de locuções como "perto de", "cerca de", "mais de", o verbo "ser" tanto pode concordar no singular como no plural. Portanto, "a" e "b" estão corretas.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Etimologia de "Bolero"

Não se conhece, com certeza, a procedência do nome deste rítmo andaluz originado no século XVIII, modernizado em Cuba e convertido em sucesso latino-americano na primeira metade do século XX.
Sabe-se que, em certa época, chamou-se “bolero” o chapéu de dança andaluz, e hoje tem a acepção, entre outras, de chapéu copado, o que poderia ter levado a se dar o mesmo nome para a dança. Mas também se aplica em espanhol antigo, a quem diz muitas mentiras com base na gíria cigana “bola”, mentira.
No Dicionário castelhano de Terreros, está registrado com o sentido de “menino que falta à escola sem que sua família saiba”.
Todas estas acepções levaram Corominas a formular a hipótese, não suficientemente comprovada, de que o vocábulo "bolero" poderia haver nascido associado à ideia de vagal, homem sem profissão. No entanto, o mesmo autor também apresentou a possibilidade de que a palavra tenha se derivado do castelhano “vuelo” - voo -, pois o bolero é todo em saltos, como um voo.

Abbottabad

Abbottabad:  A cidade paquistanesa onde o terrorista Osama bin Laden terminou seus dias tomou seu nome do general britânico Sir James Abbott, que a fundou em 1853, pouco depois de as forças da Rainha Vitória anexarem o Punjab.
Na língua urdu, o nome significa algo como “cidade de Abbott”, assim como Islamabad é a cidade do Islam.
O nome Abbottabad, conhecido em nossa língua a partir do assassinato de Bin Laden, foi empregado até agora sem qualquer mudança ortográfica pela maior parte da imprensa.

Etimologia de "Correio"

No Brasil denomina-se "Correios" por se tratar de mais de um serviço: "Correios e Telégrafos".
Definição geral: É o nome do serviço público, que tem por objeto o transporte da correspondência oficial e privada, e também designa a pessoa que tem por ofício, levar a correspondência de um lugar para outro. Por extensão, é também o veículo que leva a correspondência.
Palavra comum a várias línguas romances, sua origem é duvidosa, embora se suponha que provém do provençal antigo “corrieu”, composta de “corir”, correr, e “lieu”, lugar.
Este termo também denotava a pessoa que ia de um lugar a outro com cartas e mensagens. No entanto, alguns chamaram a atenção para a importância que pode ter tido em sua formação, o vocábulo do castelhano antigo “correo”, que nos tempos de El Cid Campeador significava bolsa para levar dinheiro. Esta hipótese deixa sem explicar como chegou esta palavra, naqueles tempos de comunicações difíceis e de viagens raras e intermináveis, ao italiano “corriere” e ao francês “courrier”, ao catalão “correu”, ao provençal “corrieu” e ao português correio.
É mais clara a etimologia do adjetivo "postal", proveniente do latim “positus”, o nome dos postos de correio situados ao longo dos caminhos, destinados ao descanso dos cavalos dos mensageiros.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Concordância na Voz Passiva

A voz passiva sintética é uma ilustre desconhecida para a maioria. É por isso que predominam frases equivocadas como “Vende-se carros”, “Aluga-se salas” e “Contrata-se costureiras”.
A gramática nos ensina que existem três vozes: 
– ativa, o sujeito pratica a ação: “Ele vende carros”;
- passiva, o sujeito sofre a ação: “Vendem-se carros” ou “Carros são vendidos”;
- reflexiva, o sujeito pratica e sofre a ação: “Ele se cortou”.

O grande problema é que, geralmente, não entendemos que nas orações, o sujeito pode ser passivo e vemos o substantivo (que exerce a função de sujeito) como objeto direto, por isso diz “Vende-se carros”.
 
É isso que leva alguns linguistas a dizer que no português do Brasil não existe a voz passiva sintética e que o substantivo dessa estrutura é realmente um objeto direto.
Será mesmo? Vamos pronominalizar o termo “carros” da construção popular “Vende-se carros”.
Que pronome usaremos? Se “carros” é objeto direto, o pronome que substitui objeto direto é o oblíquo, neste caso,“os”.
Fica, dessa forma, “Vende-se os”.
Ruim, não é?
Vamos tentar com outro pronome: “Vende-se eles”.
Agora, sim, ficou bom.
Sabe por quê? Porque “ele” é pronome pessoal que exerce a função de sujeito.
Isso prova que “carros” é sim o sujeito da oração, tanto que foi substituído por um pronome que pode exercer a função de sujeito.
Não há dúvida, portanto, que existe a voz passiva sintética.
Se alguém não sabe identificá-la, são outros quinhentos.
E pode haver várias causas. Uma delas: a qualidade do nosso ensino.
 
Para identificar a voz passiva sintética, o primeiro passo é entender que existem orações em que o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo, ou seja, é passivo.
 
O segundo é saber que todas as orações na voz passiva sintética têm esta estrutura: verbo transitivo direto (que pede complemento sem preposição) acompanhado da partícula apassivadora “se” e de substantivo, que é o sujeito passivo e leva o verbo a concordar com ele.
Veja: “Alugam-se casas”.
Estrutura da oração: verbo transitivo direto + se + substantivo/sujeito passivo.
 
Há vezes em que o “se” vem antes do verbo e a estrutura muda um pouquinho: “Em Bruxelas dificilmente se veem mendigos”.
Estrutura da oração: se + verbo transitivo direto + substantivo/sujeito.
Importante também é saber que todas essas orações podem ser passadas para a voz passiva analítica, que tem a seguinte estrutura:
- substantivo/ sujeito passivo + verbo ser + particípio.
Ou seja:
“Alugam-se casas” se transforma em “Casas são alugadas”;
“Em Bruxelas dificilmente se veem mendigos” vira “Em Bruxelas dificilmente mendigos são vistos”.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Desparecer x espairecer

Você sabe a diferença entre "desparecer" e "espairecer"?
 
A palavra "desparecer" é sinônimo de "desaparecer", de "sumir".

Muitos a usam com o sentido de "distrair-se", de "entreter-se", de "descansar a mente por meio de recreação".

Quem assim procede está confundindo "desparecer" com  "espairecer".

Esta sim é que significa "distrair-se", "entreter-se", "descansar a mente por meio de recreação": "Estou estressado. Preciso espairecer um pouquinho.

Mãe Querida,

Há quase três anos, 30 de abril de 2017, vivenciamos juntas a triste partida do seu grande e inseparável companheiro, meu amado pai. Aos pr...