terça-feira, 12 de julho de 2011

A Concordância na Voz Passiva

A voz passiva sintética é uma ilustre desconhecida para a maioria. É por isso que predominam frases equivocadas como “Vende-se carros”, “Aluga-se salas” e “Contrata-se costureiras”.
A gramática nos ensina que existem três vozes: 
– ativa, o sujeito pratica a ação: “Ele vende carros”;
- passiva, o sujeito sofre a ação: “Vendem-se carros” ou “Carros são vendidos”;
- reflexiva, o sujeito pratica e sofre a ação: “Ele se cortou”.

O grande problema é que, geralmente, não entendemos que nas orações, o sujeito pode ser passivo e vemos o substantivo (que exerce a função de sujeito) como objeto direto, por isso diz “Vende-se carros”.
 
É isso que leva alguns linguistas a dizer que no português do Brasil não existe a voz passiva sintética e que o substantivo dessa estrutura é realmente um objeto direto.
Será mesmo? Vamos pronominalizar o termo “carros” da construção popular “Vende-se carros”.
Que pronome usaremos? Se “carros” é objeto direto, o pronome que substitui objeto direto é o oblíquo, neste caso,“os”.
Fica, dessa forma, “Vende-se os”.
Ruim, não é?
Vamos tentar com outro pronome: “Vende-se eles”.
Agora, sim, ficou bom.
Sabe por quê? Porque “ele” é pronome pessoal que exerce a função de sujeito.
Isso prova que “carros” é sim o sujeito da oração, tanto que foi substituído por um pronome que pode exercer a função de sujeito.
Não há dúvida, portanto, que existe a voz passiva sintética.
Se alguém não sabe identificá-la, são outros quinhentos.
E pode haver várias causas. Uma delas: a qualidade do nosso ensino.
 
Para identificar a voz passiva sintética, o primeiro passo é entender que existem orações em que o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo, ou seja, é passivo.
 
O segundo é saber que todas as orações na voz passiva sintética têm esta estrutura: verbo transitivo direto (que pede complemento sem preposição) acompanhado da partícula apassivadora “se” e de substantivo, que é o sujeito passivo e leva o verbo a concordar com ele.
Veja: “Alugam-se casas”.
Estrutura da oração: verbo transitivo direto + se + substantivo/sujeito passivo.
 
Há vezes em que o “se” vem antes do verbo e a estrutura muda um pouquinho: “Em Bruxelas dificilmente se veem mendigos”.
Estrutura da oração: se + verbo transitivo direto + substantivo/sujeito.
Importante também é saber que todas essas orações podem ser passadas para a voz passiva analítica, que tem a seguinte estrutura:
- substantivo/ sujeito passivo + verbo ser + particípio.
Ou seja:
“Alugam-se casas” se transforma em “Casas são alugadas”;
“Em Bruxelas dificilmente se veem mendigos” vira “Em Bruxelas dificilmente mendigos são vistos”.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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