domingo, 12 de agosto de 2018

Pai

Por @GuiCarloni

Pai não tem gestação. Não sofre dor do parto. Não dá o peito. Se não quiser ou não puder, não troca, não dá banho, não cuida, não nina, não limpa, não dá colo, não orienta, não colabora, não alimenta, não conversa, não educa, não leva, não traz, não dá bom exemplo e não faz.

Tecnicamente, é “apenas” o responsável por 50% da geração de um filho. Na vida, a depender do ser, ele pode ser muito mais do que isso.

Porque pai cria. Pai provê. Pai educa. Pai esteia. Pai defende. Pai amamenta. Pai lê. Pai nina. Pai briga. Pai alimenta. Pai penteia. Pai despenteia. Pai choca.  Pai mistura. Pai separa. Pai apara. Pai repara. Pai para. Pai enxuga. Pai escova. Pai escora. Pai brinca. Pai pinta. Pai desenha. Pai borda. Pai monta. Pai desmonta. Pai remonta. Pai toma. Pai corre. Pai troca. Pai veste. Pai esquenta. Pai esfria. Pai cochila. Pai cochicha. Pai conta. Pai canta. Pai lava. Pai leva. Pai passa. Pai busca. Pai cobra. Pai apoia. Pai sofre. Pai medica. Pai negocia. Pai engoma. Pai perfuma. Pai prova. Pai faz. Pai desfaz. Pai refaz. Pai fotografa. Pai esculpe. Pai escreve. Pai arruma. Pai adorna. Pai contorna. Pai adora. Pai assina. Pai machuca. Pai assopra. Pai evidencia. Pai orienta. Pai gira. Pai vai. Pai volta. Pai espera. Pai mostra. Pai amostra. Pai refuta. Pai luta. Pai ouve. Pai opina. Pai fala. Pai colabora. Pai conduz. Pai dá. Pai tira. Pai ajuda. Pai entende. Pai envergonha. Pai desentende. Pai condiz. Pai embala. Pai contradiz. Pai ri. Pai chora. Pai paga. Pai liga. Pai apaga. Pai compra. Pai vende. Pai vê. Pai sorri. Pai conserta. Pai instala. Pai estrala. Pai endossa. Pai nega. Pai apega. Pai segura. Pai pega. Pai toca. Pai retoca. Pai vibra. Pai marca. Pai consulta. Pai sente. Pai assente. Pai pressente. Pai resume. Pai presume. Pai assume. Pai tenta. Pai inventa. Pai estimula. Pai exige. Pai exibe. Pai inibe. Pai empolga. Pai convida. Pai induz. Pai liga. Pai decide. Pai cozinha. Pai prepara. Pai dispara. Pai executa. Pai orquestra. Pai para. Pai acelera. Pai vangloria. Pai reprime. Pai constrói. Pai destrói. Pai esparrama. Pai recolhe. Pai guarda. Pai aguarda. Pai testemunha. Pai joga. Pai ora. Pai pede. Pai implora. Pai cede. Pai retrocede. Pai torce. Pai deixa. Pai culpa. Pai isenta. Pai perdoa. Pai azucrina. Pai erra. Pai berra. Pai estica. Pai pendura. Pai negocia. Pai equilibra. Pai assume. Pai absorve. Pai condena. Pai absolve. Pai resolve. Pai aconselha. Pai desaconselha. Pai imita. Pai limita. Pai pentelha. Pai almeja. Pai despeja. Pai enseja. Pai sonha. Pai alegra. Pai entristece. Pai envelhece. Pai esmorece. Pai adoece. Pai carece. Pai perece. Pai falece. Pai ama. Pai pai.

Feliz dia dos pais!

Guilherme Carloni
12/08/2018

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Mapa Linguístico do Brasil

“O R caipira do interior de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina deve-se ao fato de que os indígenas que aqui moravam não conseguiam falar o R dos portugueses, não havia o som da letra R em muitos dos mais de 1200 idiomas que falavam aqui.

Então na tentativa de se pronunciar o R, acabou-se criando essa jabuticaba brasileira, que não existe em Portugal.

A isso também se deve o fato de muitas pessoas até hoje em dia trocarem L por R, como em farta (falta), frecha (flecha) e firme (filme).

Com a chegada de mais de 1,5 milhão de italianos à capital de São Paulo o sotaque do paulistano incorporou o R vibrante atrás dos dentes, porta como "porita", e em alguns casos até incorporando mais Rs do que existem: carro como "caRRRo", se quem fala for de Mooca, Brás e Bexiga, bairros paulistanos com bastante influência italiana.

O R falado no Rio de Janeiro deve-se ao fato de que quando a corte portuguesa pisou aqui, a moda era falar o R como dos franceses, saindo do fundo da garganta, como em roquêfoRRRRt, paRRRRRi.

A elite carioca tratou de copiar a nobreza, e assim, na contramão do R caipira e 100% brasileiro, o Rio importou seu som de R dos franceses.

Do mesmo modo a corte portuguesa trouxe o S chiado dos cariocas, sendo hoje o Rio o lugar que mais se chia no Brasil, 97% dos cariocas chiam no meio das palavras e 94% chiam no final.

Belém do Pará ocupa o segundo lugar e Florianópolis em terceiro.

As regiões Norte e Sul receberam a partir do século 17 imigrantes dos Açores e ilha da Madeira, lugares onde o S também vira SH. Viviam mais de 15 mil portugueses no Pará, quarta maior população portuguesa no Brasil à época, o que fez os paraenses também incorporarem o S chiado.

Já Porto Alegre misturava indígenas, portugueses, espanhois e depois alemães e italianos, toda essa mistura resultou num sotaque sem chiamento.

Curitiba recebeu muitos ucranianos e poloneses, a falta de vogais nos idiomas desses povos acabou estimulando uma pronúncia mais pausada de vogais como o E, para que se fizessem entender, dando origem ao folclórico "leitE quentE".

Em Cuiabá e outras cidades do interior do Mato Grosso preservou-se o sotaque de Cabral, não sendo incomum os moradores falando de um "djeito diferentE". Os portugueses que se instalaram ali vieram do norte de Portugal e inseriam T antes de CH e D antes de J. E até "hodje os cuiabanos tchamam feijão de fedjão".

Junto com os 800 mil escravos também foram trazidos seus falares, e sua influência que perdura até hoje em se comer o R no final das palavras: Salvadô, amô, calô e a destruição de vogal em ditongos: lavôra, chêro, bêjo, pôco, que aparece em muitos dialetos africanos.

A falta de plurais, o uso do gerúndio sem falar o D (andano, fazeno), a ligação de fonemas em som de z (ozóio, foi simbora) e a simplificação da terceira pessoa do plural (disséro, cantaro) também são heranças africanas.”

do livro "Mapa Linguístico do Brasil" de Renato Mendonça e da Superinteressante desse mês.

Mãe Querida,

Há quase três anos, 30 de abril de 2017, vivenciamos juntas a triste partida do seu grande e inseparável companheiro, meu amado pai. Aos pr...